domingo, 17 de junho de 2012

PROMETHEUS


Essa é a primeira crítica que eu escrevo, como exercício pro curso de Crítica Cinematográfica. Espero que gostem.


PROMETHEUS
David Arrais


Prometheus marca a volta de Ridley Scott aos filmes de ficção científica, depois de 30 anos, e mais especificamente ao universo de “Alien”, um dos personagens de maior sucesso desse tipo de filme.

O filme se inicia com uma longa sequência de imagens aéreas por paisagens inóspitas, frias, sem vestígios de vida. Ao mesmo tempo, essas imagens lembram imagens amplificadas de tecidos, órgãos e células.

A seguir somos apresentados a um elemento humanóide, estranho, estabelecendo algum tipo de comunicação com uma nave. Depois de ingerir um líquido não identificado, somos levados a um passeio pelos órgãos internos desta criatura, estabelecendo uma rima visual com as primeiras imagens que vimos no início, e que nos remete ao tema do filme.

Na primeira cena com seres humanos, somos apresentados aos arqueólogos Charlie Holloway e Elizabeth Shaw, que fizeram descobertas que podem levá-los às respostas sobre a origem da humanidade. Porém, para descobrir essas respostas, eles precisam fazer uma viagem a um sistema solar a milhões de quilômetros da Terra.

A bordo de uma imensa nave (a Prometheus do título), somos apresentados aos demais personagens. Inicialmente ao andróide David, interpretado com a competência habitual de Michael Fassbender, que é o único tripulante da nave acordado, pois os demais estão em estado de sono criogênico.  Ele parece particularmente interessado nos sonhos da Dra. Shaw, e em estudar línguas estranhas, ou até mesmo extintas. 

Depois de acordarem de seu sono, os demais personagens são reunidos para assistirem uma palestra, em que conhecem o Sr. Weyland, patrocinador da expedição, em um video holográfico,  e para serem explicados os motivos de sua expedição. E a srta. Vickers (Charlize Theron), representante de carne e osso da corporação. (Aqui surge a minha primeira ressalva ao roteiro: Como alguém entra numa expedição desse tipo pra só descobrir o objetivo da missão quando chega no destino?)

E surgem também os primeiros clichês dos filmes com “equipes de expedição”. Conhecemos todos os personagens que têm estar ali, e já temos certeza de qual será a função de cada um. Quem vai morrer, quem não vai, quem deve desempenhar alguma função maior na história. E nenhum deles consegue estabelecer alguma identificação com o público, ou fazer com que o público se preocupe com eles.

Depois que começam a investigação, já no planeta LV233, eles logo são levados para dentro de uma caverna gigantesca, onde encontram mais evidências da ligação daqueles seres com as origens da humanidade.  E onde podemos perceber algumas citações ao universo de Alien, como alguns adornos nas paredes, o topo das montanhas onde estão essas cavernas e alguns vasilhames, que lembram os ovos do ser.

A partir daí o filme ganha contornos de suspense, alternando alguns momentos realmente de perder o fôlego com cenas fraquíssimas,  como aquela em que o biólogo da equipe tenta “fazer amizade” com uma criatura grotesca e ameaçadora.

Outra questão sempre presente no filme é o ponto de vista religioso, com a dra. Shaw sempre exibindo um crucifixo e tendo sua fé questionada por outros personagens, especialmente num momento em que ela é questionada sobre o papel de Deus na humanidade, caso eles descobram a origem biológica do homem.

Com tantos personagens em um filme desse porte, é curioso  perceber que o único que causa alguma preocupação e identificação seja um andróide. Como dito anteriormente, Michael Fassbender realiza mais um grande trabalho, ao criar u ser que, apesar de não ter sentimentos, parece saber exatamente como reagir a cada situação e questionamento pelo qual passa, mesmo quando é ameaçado, ou quando tentam “constrangê-lo”.

Do ponto de vista técnico, o filme é impecável. Desde a abertura, o filme se mostra bastante econômico nas cores, mantendo-se quase sempre em frias e/ou escuras, como cinza, preto, azul escuro e branco, como se não quisesse chamar a atenção para mais nada na tela além dos personagens. Os efeitos visuais são muito bem realizados, assim como a maquiagem e a direção de arte, Como pode ser percebido nas cavernas por onde os exploradores se perdem, ou no interior da gigantesca nave Prometheus.
Infelizmente, o filme se perde depois que alguns dos seus “segredos” são desvendados, fazendo com que seus últimos minutos tornem-se apenas um exercício de esperar o que vai acontecer com cada um dos personagens. De um filme grandioso,  em alguns momentos ambicioso, ele passa a ser um filme de ação comum, sem mais nenhuma surpresa ou grandes arroubos de criatividade.

Um comentário:

  1. Cenas e personagens meio perdidos na trama, é o que eu posso fazer como um resumão do que foi Prometheus. "/ Infelizmente. Ponto positivo: O visual e os seres do filme, graças ao H.R. Giger, o criador do design do Alien original, que atuou como consultor nesse filme.
    Novo crítico de cinema no mercado? ¬¬'
    hehehehe ;)

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